Saúde e espiritualidade
TERAPIA INTEGRATIVA: Esta modalidade de terapia começou a ser difundida aqui no Brasil, e vem sendo utilizado em muitos hospitais do Brasil, como por exemplo, aromaterapia, reiki, etc.
PRECISAMOS COMPREENDER a necessidade de um tratamento INTEGRAL – tratar somente com ALOPATIA, é tratar somente o EFEITO, entendendo que as doenças não começam no corpo físico. Nosso corpo físico está apenas indicando que algo que não está bom conosco, para olharmos para a CAUSA das doenças, que começam em nossos corpos sutis: emocional, mental e espiritual.
Desde 22 de janeiro de 1998 A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, que “saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade. ” O conceito de saúde, posto nessa ampla dimensão, obrigou as universidades do mundo inteiro a se mobilizarem rapidamente para acrescentar a espiritualidade em seus currículos de saúde. E ficou óbvio, quando tudo indicava que a espiritualidade ficaria cada vez mais distanciada da ciência, que a própria ciência, – a física quântica, na visão de Fritjot Kapra ao tratar de saúde –, sentiu-se obrigada a fazer referência à espiritualidade.
Falar de saúde não causa estranheza porque é uma atitude que implica responsabilizar os governos pela sua vigilância e manutenção. Entretanto, a espiritualidade causa perplexidade e polêmica. E a controvérsia é ainda maior quando associamos os dois conceitos.
Como compreender, então, a espiritualidade? O mundo ocidental tem uma tradição cultural que separa o espírito da matéria e divide o ser humano em corpo e alma. Uma pesquisa histórica mostra que a categoria espírito está presente em todas as tradições culturais, espirituais e filosóficas através da respiração, do sopro primordial. A palavra espírito é Ruah, do hebraico, Pneuma, do grego, e Spiritus, do latim, como fonte original onde todos bebem.
O espírito, em todas as línguas, é o princípio criador, feminino, materno, que paira sobre o caos primitivo, que choca o ovo sagrado originário da vida em múltiplas culturas. Entende-se espírito como fonte da vida que nos remete ao espírito de Deus, aquela energia primordial de onde tudo procede, na teologia cristã, o Spiritus Creator. Por isso, há necessidade de compreender e reafirmar o espírito como dimensão feminina em Deus.
Existem dois conceitos de espírito: um antigo e outro moderno. O conceito antigo fala de uma parte transcendente, divina, eterna, e de outra parte corporal, terrena, considerada a mais profunda experiência humana. As duas partes se separam pela morte. O conceito moderno, da fenomenologia do espírito, aparece depois de Kant e Hegel. Eles dizem que o espírito não é alguma coisa e sim um modo de ser da liberdade. E que o ser humano constrói a sua existência fora do espírito cósmico.
O espírito pertence ao ser humano, igualmente à terra e ao cosmos, bem como a vida. O oposto ao espírito é a morte como negação da vida. Espírito Cósmico, celebração da vida com saúde de todas as formas possíveis. Boa saúde proporciona uma vida plena, e de nossa saúde interior depende a saúde da totalidade.
Estudos indicam que médicos ligados às questões de espiritualidade costumam ser melhores profissionais que os demais. Compreende-se que o ser humano mais ajustado, com melhor compreensão da dor e do sofrimento alheio, será, com certeza, mais atencioso consigo e com seus pacientes. Assim, humanizará a prática médica.
Infelizmente, não existe disciplina de espiritualidade na maioria dos cursos de Medicina no Brasil. A disciplina optativa Saúde e espiritualidade, da Faculdade de Medicina da UFMG, é a segunda criada no país. O movimento liderado por mais de 740 estudantes e 50 professores foi o responsável pela criação da nova disciplina optativa.
A espiritualidade é mais ampla e mais aberta que a religião. A espiritualidade implica o universal; a religião, o particular. Simbolicamente é possível compreender as religiões como esferas menores imbricadas umas nas outras, sendo envolvidas pela espiritualidade. Por esse motivo as religiões estão no eixo da espiritualidade, sendo impossível separá-las. “Nos mais arcaicos níveis de cultura, viver como ser humano é, em si, um ato religioso, pois a alimentação, a vida sexual e o trabalho têm um valor sacramental. Em outras palavras, ser – ou antes, tornar-se – um homem significa ser religioso”, ensina o intelectual romeno Mircea Eliade.
Por mais que se pretenda uma visão unitária do homem no mundo, não há como fugir dos seus três aspectos distintos profundos: o físico, o mental e o espiritual. Há uma inter-relação dinâmica entre eles. De um modo geral, o aspecto dominante, mais superficial, é mais visível temporalmente. Uma pequena viagem pela história da humanidade, da pré-história à modernidade, permite compreender as devidas proporções que envolvem cada momento de predominância de um dos elementos daquela tríade.
Para a junção de espiritualidade e saúde, basta unir as terapias modernas e contemporâneas com as terapias milenares e perenes. Essa aproximação favorece o crescimento e desenvolvimento humanos por trabalhar com o hemisfério cerebral direito, da intuição, conjuntamente com o hemisfério esquerdo, da análise. E, como num milagre, sensação e intuição, sentimento e pensamento, intelecto e espírito aparecem unidos.
* Mauro Ivan Salgado* Professor do departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina